Por:José Carlos Daltozo.
Estação de Martinópolis. Foto: Arquivo pessoal do autor.
Se existisse um documento atestando a
certidão de nascimento para todas as cidades, certamente a de Martinópolis
constaria como mãe a ferrovia e como pai o café. Foi exatamente por causa desse
binômio, café-ferrovia, que ela surgiu, cresceu e hoje é uma progressista
cidade de mais de 25.000 habitantes.
A
ferrovia era a Estrada de Ferro Sorocabana e o café era, na época, a lavoura
mais importante do Estado de São Paulo, os colonizadores procuravam
desesperadamente terras virgens para colonizar e vender sítios e fazendas para
quem quisesse implantar novas lavouras.
A
E. F. Sorocabana foi espalhando seus trilhos nos espigões, desde Salto Grande,
onde chegou em 1910, até Porto Tibiriçá (atual Porto Epitácio), nas barrancas
do Rio Paraná, onde chegou em 1922.
Em
Martinópolis, que na época se chamava Estação de José Teodoro, homenagem a um
grande posseiro de meados do século 19, a ferrovia chegou na manhã de 05 de
agosto de 1917. O início do povoado só ocorreu sete anos depois da chegada
dos trilhos. O Coronel João Gomes Martins adquiriu a fazenda de dez mil
alqueires fronteiriça à estação, em 17 de novembro de 1924, iniciando o
loteamento. Contratou agrimensor e fez o arruamento do insipiente povoado de
José Teodoro, retalhando o restante da propriedade em chácaras, sítios e
fazendas., denominando-a Núcleo Colonial Boa Ventura, da Colonização Martins.
Duas
grandes correntes de lavradores vieram para cá. Uma, os japoneses, formaram uma
colônia numerosa até a década de 1960, eram atraídos pelo funcionário da
Colonização Martins de nome Tomikichi Ogata, responsável pela Seção Japonesa.
Outro funcionário da Colonização, chamado Eugenio de Melo, era fluminense e
atraia crescentes levas de moradores das regiões serranas do Rio de Janeiro
para Martinópolis. Ambos influenciavam seus conterrâneos, mostrando a eles que
mesmo com pouco dinheiro e muita disposição para vencer, poderiam comprar seu
próprio pedaço de terras de cultivo.
Os
primeiros moradores da zona rural do então povoado de José Teodoro (atual
Martinópolis), que compraram terras em fins de 1924 e durante o ano de 1925,
foram as famílias Tudisco, Saram, Quaranta, Valentim, Baptistela, Senteio,
Ogata, Esposito,
Nunes,Junqueira, Trucolo, Fiorindo, Caldeira e Escórcia.
Na
zona urbana, os primeiros comerciantes
foram as famílias Contini, Felisari e Reginato, com suas olarias, Parente e
Senteio com armazém de secos e molhados e ainda as famílias Bidóia,
Figueira, Yanagui, Andrade, Falkemback, Lopes e Girotto.
Aspecto de um antigo prédio em Martinópolis. Foto: Arquivo pessoal do autor.
Um
levantamento efetuado em 15.11.1927 constatou a existência de 1.395 habitantes,
entre zona urbana e rural. Descrevia ainda que o povoado possuía 3 olarias, 2
serrarias, 1 moinho de fubá, 4 casas de secos e molhados, 1 padaria, 1 garagem,
13 automóveis e caminhões, 1 carpintaria, 1 oficina mecânica, 1 hotel e 1
ferreiro.
Os
anos foram passando e, apenas cinco anos depois do início do loteamento, o
povoado de José Teodoro começou a alçar voo rumo à sua independência. O
primeiro passo foi a transformação em Distrito de Paz, o que foi conseguido em
20 de dezembro de 1929, pela Lei Estadual 2.392, pertencendo ao município e
comarca de Presidente Prudente
O
distrito passou a se destacar na produção de café e algodão e a luta era pela
emancipação total. Conseguiram o intento quando, pelo Decreto 9775, de 30 de
novembro de 1938, publicado no Diário Oficial de 19 de dezembro de 1938, o
então distrito de José Teodoro passou a ser o município de Martinópolis.
A instalação oficial ocorreu em 29 de janeiro de 1939 e judicialmente
continuou a pertencer à comarca de Presidente Prudente.
A
mudança de nome da cidade foi uma reivindicação em homenagem ao seu
colonizador, João Gomes Martins, que havia falecido dois anos antes, em 1937.
Martinópolis significa “cidade dos Martins.
Na
época vigorava no Brasil a ditadura Vargas e não havia eleições diretas para
escolha de prefeitos e vereadores. Os prefeitos eram nomeados pelo interventor
estadual e não existia Câmara de Vereadores. O primeiro prefeito nomeado foi o
farmacêutico Octávio Gonçalves de Oliveira. Após seu mandato foram nomeados
outros, como Dr. João Grande de Mello, José Victor Pedrozo Chagas, Eleazar
Galvão, Oscar Cabral, Antonio Angelini, este em 17.04.1947, ficando até a
realização de eleições municipais.
Em
01 de janeiro de 1948 finalmente tomou posse o primeiro prefeito eleito pelo
povo, em eleições livres, o comerciante João Batista Berbert, que ficou no
cargo até dezembro de 1951. Os prefeitos eleitos em seguida foram Francisco
Belo Galindo, Arlindo de Oliveira, Silvio Genaro, Estefânio Alves Portela,
Antonino Leite Oliveira, Adelino Simões de Carvalho Filho, Dr. José Carlos
Macuco Janini, Luiz
Antonio Leite Oliveira,
Dr. Arthur Galvão de Melo, Antonio Leal Cordeiro, José Valentim Neto, novamente
Antonio Leal Cordeiro, Waldemir Caetano de Souza, Rondinelli Oliveira, Antonio
Leal Cordeiro e Ilza Filazi Ascêncio (os três no mesmo mandato) e Dr. Cristiano
Engel.
O
decreto 14.334, de 30 de novembro de 1944, criou a comarca de Martinópolis.
Foi a 140º comarca do Estado, instalada oficialmente em 13 de junho de 1945,
tendo sob sua jurisdição o município de Regente Feijó que, por sua vez, possuía
os distritos de Indiana, Caiabu e Taciba, hoje municípios autônomos.
O
juiz instalador em 1945 foi o Dr. Olavo Ferreira Prado. Atualmente a nossa
comarca tem sob sua jurisdição apenas o vizinho município de Indiana.
Martinópolis
é hoje um município com área territorial de 1.256 km2, um dos mais extensos do
Estado de São Paulo. O café, que
ocasionou o surgimento da cidade, hoje é produzido em escala reduzida, apenas
meia dúzia de propriedades. O algodão, que sucedeu o café e que já foi chamado
de “ouro branco” nas décadas de 1940 a 1960, também é pouco produzido
atualmente, devido problemas de terras exauridas, altos custos de produção e
preço irrisório na venda da colheita. Martinópolis bateu recordes de produção
no ano de 1955, quando foi o maior município produtor do Estado de São Paulo,
com 2.389.200 arrobas colhidas, em 51.600 hectares plantados. Outra lavoura que
teve expressiva produção na década de 1960 e 1970 foi o amendoim.
Lavouras
de milho e feijão são cultivadas no município, mas a produção não é expressiva.
A pecuária, principalmente de corte, é o que tem predominado atualmente. No
entanto, essa primazia está cedendo espaço, nos últimos cinco anos, para as
lavouras de cana-de-açúcar. Há várias usinas de açúcar e álcool situadas em
municípios vizinhos que arrendam terras para o plantio de cana em nosso
território. Também foi implantada, dentro do nosso território, a USINA ATENA, provocando
o surgimento de milhares de alqueires de novas lavouras de cana. Muitos
fazendeiros estão desistindo da criação de gado de corte e acreditando na
cana-de-açúcar para obter uma renda anual satisfatória, sem muito trabalho.
(Texto extraído do livro: MARTINÓPOLIS,
SUA HISTÓRIA E SUA GENTE, autoria de José Carlos Daltozo, editado em 1999).
Imagética de Martinópolis.
Imagética de Martinópolis.
Fotos: Arquivo pessoal do autor.
2 comentários:
Minha linda Martinópolis!minha cidade natal!
José Carlos Marinopolense de opção e coração. Grande amigo tecnológico kkkkk
História legal de se ler, principalmente quando fizemos parte dessa história.
Dos primeiros prefeitos na nossa cidade tive o prazer de conhecer pessoalmente, alguns. como Otávio Gonçalves de Oliveira (sósia perfeito do Ademar de Barros), Estefânio Alves Portela, Sr. Galindo que estava sempre na casa de meu avo Artur Ribeiro na Vila Escócia, Antonino Leite de Oliveira, seu irmão Luiz, Sr. Silvio Genaro
Também pudera nasci em 1.947 e fiquei em Martinópolis até 1.966, e depois que tirei o Titulo de eleitor fiquei por longos anos sem transferi-lo somente para pretexto de voltar a cidade.
Grande abraço aos queridos conterrâneos.
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